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Os 6 maiores mitos do marketing

  • Foto do escritor: Sunê
    Sunê
  • 22 de nov.
  • 3 min de leitura
O marketing brasileiro vive um paradoxo curioso. Nunca houve tanto acesso a informação, ferramentas e canais, mas boa parte das empresas continua operando sob crenças simplificadas que distorcem decisões, incham custos e reduzem eficiência. Esses mitos persistem porque oferecem a sensação de atalho. Parecem soluções rápidas, acessíveis e intuitivas. Mas, na prática, funcionam como freios.

Reconstruir a lógica por trás desses erros é essencial para qualquer empresa que queira operar com clareza estratégica e previsibilidade comercial. O marketing não pode ser tratado como um enfeite, nem como um conjunto de hypes, trends e virais. Marketing deve ser um sistema. E, como todo sistema, só gera resultados consistentes quando seus fundamentos estão alinhados.

Ciclope e medusa tirando selfie
Os grandes mitos do marketing digital

1. “Marketing é só postar nas redes”
A redução do marketing a um calendário de posts é um dos erros mais comuns no mercado brasileiro. O problema não está nas redes, mas na inversão de prioridades: conteúdo sem estratégia não cria demanda, não posiciona a marca e não sustenta diferenciação. Quando o marketing se limita ao formato, as empresas ficam reféns de algoritmo, volatilidade e sazonalidade.
Marketing é arquitetura de valor. Envolve entendimento de mercado, proposta clara, mensagem coerente, oferta competitiva, experiência, distribuição, dados e, só então, canais. As redes fazem parte do sistema, não são o sistema.


2. “Mais seguidores significa mais vendas”
A confusão entre atenção e intenção é responsável por frustrações recorrentes. O crescimento de seguidores pode indicar interesse, mas não significa conversão. No varejo brasileiro, por exemplo, perfis com grande audiência exibem taxas de venda desproporcionais ao tamanho da base — porque o que converte não é volume, mas aderência da oferta, clareza da mensagem, reputação e confiança.
O foco deveria estar em métricas de eficiência: CAC, LTV, recorrência, margem e qualidade do tráfego. Seguidor é superfície. Receita é profundidade. Confundir as duas coisas é desperdiçar recursos.


3. “Qualquer pessoa pode fazer marketing”
A facilidade de acesso às redes sociais cristalizou a ideia de que marketing é puramente intuitivo. Essa crença se espalhou com a proliferação de conteúdos rápidos, tutoriais e promessas de pílulas mágicas. Mas marketing exige método, pesquisa, testes, hipóteses, leitura de dados, construção narrativa e domínio das variáveis comerciais que determinam o resultado.
Quando é tratado como algo trivial, a consequência é previsível: campanhas desconectadas da estratégia, mensagens desalinhadas ao público e decisões baseadas em achismo. O custo é sempre maior no longo prazo, porque a empresa passa a corrigir erros que poderiam ter sido evitados com estrutura.


4. “O que funciona para o concorrente vai funcionar para mim”
A tentação de copiar soluções é natural. Mas cenários diferentes exigem estratégias diferentes. Negócios do mesmo segmento operam com realidades distintas: margens, localização, maturidade digital, reputação, comportamento do público, capacidade operacional e histórico de marca. Quando uma empresa replica ações do concorrente sem entender o contexto que as sustenta, o resultado tende a ser baixo ou nulo.
Marketing não é transplante tático. É construção estratégica. E estratégia depende de diagnóstico, não de imitação.


5. “Performance resolve tudo”
O mercado brasileiro desenvolveu uma dependência excessiva do tráfego pago. Ele é importante, mas não é onipotente. A performance só entrega sustentação quando existe uma base sólida: oferta clara, promessa crível, diferenciação real, experiência consistente e marca que reduz o risco percebido na decisão de compra.
Quando essas peças não existem, o CAC cresce, a margem cai e a empresa passa a “comprar” aquilo que deveria conquistar. Performance é acelerador. Não é motor.


6. “Marketing tem que dar resultado imediato”
A pressão por curto prazo empurrou muitas empresas para decisões ansiosas. Porém, marketing opera em dois tempos: resposta direta e construção de marca. O primeiro traz caixa, o segundo constrói preferência. Trabalhar somente com ações imediatistas gera dependência constante de mídia paga, sensibilidade ao aumento de custo por clique e instabilidade de receita.
As marcas que prosperam no Brasil são as que equilibram ritmo, clareza e consistência: entregam ações de impacto no presente sem comprometer a formação de valor no futuro.

A verdade é que nós criamos mitos pois eles oferecem segurança psicológica. Simplificam a complexidade de um campo que exige atenção, estudo e método. Mas, quando viram diretrizes gerenciais, passam a distorcer decisões e limitar crescimento. O marketing brasileiro só evolui quando abandona atalhos cognitivos e recupera sua função original: conectar valor à demanda com inteligência, dados e clareza estratégica.

Desfazer esses mitos não é uma questão teórica. É uma necessidade operacional para qualquer empresa que queira competir em um ambiente cada vez menos tolerante a externalidades do mercado.


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