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Como funciona um funil de marketing digital em 2026

  • Foto do escritor: Sunê
    Sunê
  • 18 de nov.
  • 4 min de leitura
O conceito de funil continua presente no mercado, mas a forma como ele opera mudou de maneira estrutural. Em 2025, a jornada do consumidor brasileiro não tem mais a linearidade que definiu o marketing digital na década passada. O usuário se move por impulsos próprios, guiado por necessidade, curiosidade, risco percebido e sinais de credibilidade. Ele entra e sai do processo várias vezes antes de tomar uma decisão. Descobre a marca em um Reels, pesquisa no Google, abandona o site, retorna dias depois, observa cases, conversa com colegas de trabalho, volta ao Instagram, salva um conteúdo técnico e só considera realmente agir quando encontra clareza suficiente. Esse movimento, visível tanto em dados de navegação quanto em padrões de pesquisa, desmonta o ideal clássico de etapas rígidas.

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O funil de 2025 funciona como um mecanismo vivo.

Embora muitas empresas brasileiras ainda organizem suas estratégias em Topo, Meio e Fundo, a lógica real contraria esse esquema. A jornada funciona como um circuito, não como uma escada. Um usuário pode começar pela busca, retornar para as redes, avançar para o WhatsApp, voltar ao site, sair por semanas e só então retomar o processo. O funil, nesse cenário, deixa de ser uma sequência e passa a ser um sistema de influência distribuída. Pesquisas do Google indicam que, no Brasil, decisões envolvendo serviços de maior complexidade podem passar por mais de cinco a onze pontos de contato. Mesmo compras rápidas envolvem pelo menos dois canais: redes sociais e busca.

Essa mudança pressiona o topo da jornada. O custo de mídia aumentou nos últimos anos, a disputa por atenção ficou mais agressiva e a exposição superficial perdeu força. Não basta aparecer uma vez. O que funciona em 2025 é a capacidade de permanecer visível de maneira consistente, criando recorrência. Familiaridade se forma pela repetição e pela qualidade do raciocínio apresentado. Conteúdos que mostram método, bastidores, dados e utilidade imediata criam presença mental contínua. A viralização ocasional tem impacto curto; a presença sustentada molda intenção ao longo do tempo.

No Meio de Funil, onde ocorre a consideração real, está o maior gargalo operacional das empresas brasileiras. A maior parte continua tratando essa fase como produção de conteúdo genérico, enquanto os usuários buscam evidências concretas. Relatórios de ferramentas como SimilarWeb e Semrush mostram que buscas por expressões como “como funciona”, “vale a pena”, “quanto custa” e “melhor agência de marketing” cresceram de forma consistente entre 2022 e 2025. Essa procura é clara: o usuário quer comparar. Ele quer entender o método, visualizar o funcionamento, ver transparência e consistência. A conversão depende mais de provas do que de promessas. Quando a marca revela processos, explica decisões e mostra bastidores, o ciclo de decisão encurta e o custo de aquisição diminui.

O Fundo de Funil também mudou de forma relevante. A conversão, que antes se concentrava em landing pages, agora se distribui entre WhatsApp, Direct do Instagram, buscas de marca, páginas internas do site e remarketing. O Brasil se consolidou como o maior mercado global de WhatsApp, segundo o DataReportal, com mais de 148 milhões de usuários ativos. Isso transformou o aplicativo no principal ambiente de decisão para serviços. Um potencial cliente pode iniciar o contato após ler um case, abandonar a conversa, retornar dias depois por um anúncio de remarketing e finalizar o processo depois de receber uma proposta clara no WhatsApp. A jornada é dispersa. E qualquer atrito (páginas lentas, falta de clareza, ausência de acompanhamento) compromete o retorno.

Um funil é sempre uma hipótese inicial, nunca a descrição definitiva da jornada. Quem define o desenho real são os dados. O comportamento do usuário revela padrões de retorno, profundidade de navegação, páginas que funcionam como gatilhos, termos buscados em momentos de dúvida e sinais de intenção latente que não aparecem nas métricas clássicas. Quando uma página de case recebe visitas repetidas, quando um conteúdo técnico volta ao radar, quando o usuário pesquisa o nome da agência após consumir um vídeo, esses sinais valem mais do que qualquer suposição. Ignorá-los transforma o funil em narrativa otimista em vez de diagnóstico útil.

A jornada de 2025 também se estrutura por perguntas, não por etapas. O usuário decide quando encontra motivos para prestar atenção, razões para considerar, evidências suficientes para confiar e clareza sobre o momento certo para agir. A ordem nunca é fixa. Cada pessoa monta seu próprio caminho, alinhando o que vê, o que sente e o que entende. A coerência entre essas respostas determina a força do funil. Quanto mais sólida a narrativa da marca, menos resistência o usuário apresenta.

A credibilidade acumulada se tornou um dos maiores redutores de custo em marketing digital. Quando a marca aparece de forma consistente, com clareza e método, forma-se uma familiaridade sólida. Esse acúmulo cria a chamada “inércia de credibilidade”: o usuário não precisa reavaliar a marca a cada contato porque já construiu percepção positiva ao longo do tempo. Esse mecanismo reduz CAC e aumenta previsibilidade, funcionando como uma blindagem natural contra a volatilidade da atenção.

O remarketing ganhou papel central nesse contexto. Ele não é mais um complemento para recuperar abandono. Ele organiza a atenção fragmentada. Quando um usuário retorna a uma página técnica, revisita conteúdos densos ou pesquisa novamente a marca após semanas, esses comportamentos indicam maturidade. O remarketing certo reabre a conversa no ponto onde ela foi interrompida, sem pressão e sem ruído.

Há, no entanto, um componente inegociável. Nenhum funil compensa falta de clareza de valor. Nenhuma estrutura técnica corrige reputação frágil ou promessa confusa. O funil amplifica o que a marca já é. Negócios com clareza, método e consistência convertem mais porque o sistema inteiro trabalha a favor. Negócios indefinidos drenam orçamento porque o sistema apenas expõe as falhas já existentes.

O funil de 2025 funciona como um mecanismo vivo. Ele responde ao comportamento real, muda conforme o contexto, adapta-se às pessoas e exige observação contínua. Entender essa lógica permite construir sistemas de marketing que não forçam a jornada do usuário, mas acompanham o ritmo em que ele toma decisões. É essa adaptação que diferencia estratégias eficazes de estratégias que se limitam a seguir um modelo desatualizado.
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