Criatividade sem dados é decoração. Dados sem criatividade são ruído.
- José Nicolau

- 10 de nov.
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de nov.
Existe uma crise silenciosa corroendo o marketing. Eu vejo isso todos os dias. E não tem a ver só com falta de criatividade ou escassez de dados. O problema está justamente no abismo entre os dois.
De um lado, profissionais criam campanhas visualmente impecáveis, com roteiros sensíveis, emocionantes, potentes; mas que não geram resultado. Não têm métrica clara de impacto. Não conversam com o negócio. Do outro, times obcecados por ROAS, CAC, CTR, CPL, mas que entregam conteúdo genérico, estéril, sem alma. Que ninguém lembra. Nem compartilha.
Essa separação criou dois modelos igualmente falhos: o marketing que emociona, mas não vende. E o que vende, mas não conecta. Em um mercado saturado de estímulos, nenhum dos dois resiste por muito tempo.

Por muito tempo, as empresas reforçaram esse racha. Departamentos criativos longe do BI. Gente de mídia sem contato com conteúdo. Planejamento que entrega briefing e desaparece. Execução que nunca volta pra entender se funcionou. O marketing virou um Frankenstein: um quebra-cabeça cujas peças não se encaixam.
Isso aparece nas reuniões, nos cronogramas, nos resultados. Campanhas são aprovadas pela estética, não pela eficácia. Métricas são reportadas sem contexto. Decisões são tomadas com base em modismos, não em comportamento real de público.
Enquanto isso, o mercado muda rápido. Plataformas, algoritmos, hábitos, tudo gira numa velocidade brutal. E quem ainda opera separado por função, perde tempo, dinheiro e relevância.
O que acontece quando criativos não têm acesso a inteligência?
Já perdi ideias boas porque não tinham dado pra sustentar. Já vi horas de trabalho virarem post que ninguém viu. Já fiz campanha que parecia genial, mas não chegava em quem precisava ver. Branding bonito que ninguém entende. Conteúdo que enche o feed, mas não muda nada.
Criatividade sem dado é navegação sem mapa. Pode até parecer bonito, mas raramente chega onde importa.
O que acontece quando dados são tratados sem sensibilidade criativa?


