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Os segredos psicológicos por trás do design dos supermercados

  • Foto do escritor: Sunê
    Sunê
  • 21 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 14 de nov.

Quando entramos em um supermercado, muitas vezes estamos focados em nossa lista de compras, sem perceber que o ambiente ao nosso redor foi meticulosamente projetado para influenciar nossas decisões de compra. Desde a disposição dos produtos nas prateleiras até o uso de iluminação, música e aromas, cada detalhe é cuidadosamente planejado para maximizar o tempo que passamos na loja e, consequentemente, aumentar nossas compras. Este artigo explora três estratégias fundamentais de design utilizadas pelos supermercados, com base em pesquisas acadêmicas sobre comportamento do consumidor.

Posicionamento estratégico de produtos
Posicionamento estratégico de produtos

Disposição dos produtos e layout do Supermercado

A disposição dos produtos nas prateleiras é uma das ferramentas mais poderosas no design de supermercados. Estudos mostram que produtos com alta margem de lucro são frequentemente colocados ao nível dos olhos, onde é mais provável que captem a atenção dos consumidores. Por outro lado, itens menos lucrativos ou marcas genéricas tendem a ser posicionados em prateleiras mais baixas ou mais altas, fora da linha de visão direta. Essa estratégia de posicionamento é projetada para aumentar as vendas dos produtos mais rentáveis.

Além disso, o layout geral do supermercado é cuidadosamente planejado para guiar os consumidores através da loja de uma maneira que os incentive a comprar mais. Produtos essenciais, como leite e pão, são frequentemente colocados no fundo da loja, obrigando os consumidores a passar por várias outras seções antes de chegar ao que precisam. Esse design aumenta as chances de que os consumidores adicionem itens não planejados ao carrinho de compras enquanto percorrem o supermercado.

Essas estratégias são respaldadas por estudos como o de Sorensen (2009), que discute o "shopper marketing" e como a disposição e o layout dos produtos influenciam diretamente as decisões de compra. O trabalho de Paco Underhill (2009) em "Why We Buy: The Science of Shopping" também destaca a importância do layout na maximização das vendas, mostrando que um design eficaz pode direcionar o fluxo de tráfego e aumentar a exposição dos produtos .

Cores, iluminação e atmosfera

O ambiente visual de um supermercado, incluindo o uso de cores e iluminação, é cuidadosamente projetado para criar uma atmosfera que influencia o humor e o comportamento de compra dos consumidores. Luzes brilhantes são frequentemente usadas em áreas que vendem produtos frescos, como frutas e verduras, para destacar sua qualidade e frescor. Em contraste, luzes mais suaves são utilizadas em seções como a de padarias, criando uma sensação de conforto e acolhimento.

As cores também desempenham um papel crucial na forma como os consumidores percebem os produtos e o ambiente ao redor. Cores quentes, como vermelho e amarelo, são frequentemente utilizadas em áreas de promoções, pois são conhecidas por chamar a atenção e criar um senso de urgência. Já as cores frias, como azul e verde, podem ser usadas em seções onde se deseja que os consumidores passem mais tempo, como em áreas de produtos orgânicos ou de alta qualidade.

Pesquisas de Babin, Chebat e Michon (2004) mostram que a iluminação e as cores adequadas podem melhorar significativamente a experiência de compra, influenciando o tempo que os consumidores passam em determinadas seções e sua disposição para explorar novos produtos. Essas estratégias criam um ambiente mais atraente e confortável, incentivando os consumidores a fazerem compras adicionais.

Despertando comportamentos de consumo
Despertando comportamentos de consumo

Música e Aromas: Influências sutis e poderosas

A música ambiente e os aromas são ferramentas menos óbvias, mas igualmente eficazes, usadas pelos supermercados para influenciar o comportamento dos consumidores. A escolha da música pode afetar o ritmo das compras; músicas com ritmos mais lentos, por exemplo, podem fazer com que os consumidores passem mais tempo na loja, o que geralmente resulta em compras maiores. Por outro lado, músicas mais rápidas podem acelerar o ritmo das compras, embora com uma percepção de experiência mais dinâmica e positiva.

O estudo clássico de Milliman (1982) demonstrou que a velocidade da música pode influenciar o comportamento dos consumidores, com músicas mais lentas prolongando o tempo de permanência dos clientes e aumentando as vendas. Além da música, os aromas desempenham um papel significativo na criação de uma experiência de compra agradável. O marketing olfativo, que envolve a liberação de aromas específicos em determinadas seções da loja, pode evocar emoções e memórias que estimulam as compras. Por exemplo, o cheiro de pão fresco próximo à padaria pode atrair os consumidores e incentivá-los a comprar mais produtos. Estudos de Spangenberg et al. (2006) mostram que cheiros agradáveis e congruentes com o ambiente aumentam as vendas, ao criar uma experiência sensorial positiva para os consumidores.

Os supermercados são ambientes complexos e cuidadosamente projetados para influenciar nossas decisões de compra de maneira sutil, mas eficaz. Desde a disposição dos produtos nas prateleiras até o uso de cores, iluminação, música e aromas, cada detalhe é pensado para maximizar as vendas e melhorar a experiência do consumidor. Compreender essas estratégias permite que nos tornemos consumidores mais conscientes, capazes de tomar decisões de compra informadas e evitar armadilhas de marketing.


Referências
Sorensen, H. (2009). Inside the Mind of the Shopper: The Science of Retailing. Wharton School Publishing.
Babin, B. J., Chebat, J. C., & Michon, R. (2004). "Perceived appropriateness and its effect on quality, affect and behavior." Journal of Retailing and Consumer Services, 11(5), 287-298.
Milliman, R. E. (1982). "Using background music to affect the behavior of supermarket shoppers." Journal of Marketing, 46(3), 86-91.
Spangenberg, E. R., Sprott, D. E., Grohmann, B., & Tracy, D. L. (2006). "Gender-congruent ambient scent influences on approach and avoidance behaviors in a retail store." Journal of Business Research, 59(12), 1281-1287.
Underhill, P. (2009). Why We Buy: The Science of Shopping. Simon and Schuster.
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